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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ausência

E me veio a falta de um abraço
de um laço...
Até de me sentir sem espaço!
Disfarço...
Vazios viajam em minhas veias...
Desembaraço cabelos e ideias
Enfim, me ajeito, enfeito
escondo o imperfeito.
Quero me sentir normal
ainda que artificial
Aquecer o coração glacial.
Moldar a estrutura
enterrar a amargura
retirar a armadura
sair dessa clausura...
Jura?
Recuperar algo perdido
reencontrar minha libido
um sentimento amortecido
onde enterrei você.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Tecendo

Quem disse que preciso crescer?
Quem disse que sou tudo isso?

Só penso em voar no meu tapete mágico
Fugir do nada de um destino pós trágico
acordar de um coma pseudohemorrágico.
Varas de condão guardadas na gaveta
versos sem sentido escorrem da caneta
dão formas às ideias que brotam na veneta
Mereço uma estatueta!
Não pelo que aqui já foi expresso
mas pelo trabalho que ora meço
por tantos pedacinhos que eu teço.
Ah... se tão simples fosse...
Não me acabaria sendo autofágico
antes escolheria ser borboleta
e renasceria após um regresso.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Serena

Vagueio por ruas em busca do nada
e ao mesmo tempo me encontro serena
em faces e lados tão fragmentada
inteira e perdida dentro de um poema.

Contemplo um castelo repleto de fadas
adentro e mergulho em profundo dilema.
Há brilho que ofusca no fio das espadas
é onde se esconde o fim do problema.

A vida e a morte dançam nas estradas
Desfilam e dançam e ninguém condena
Eu entro na dança, me sinto cansada
e ao mesmo tempo me elevo suprema.

Sentidos me traem e caio da escada
Já não faço parte do mesmo sistema
Ecoa nos ventos as vozes caladas
rompendo os laços desta algema.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Pai

Te agradeço por me fazer sua,
por ter me dado tanto de ti.
Metades que se somaram
subtraindo falhas de mim.

Te agradeço por tudo que és
e por ser um gigante pra mim.
Professor e herói que me salvam
e me torna um espelho em ti.

Cada segundo em meu tempo,
cada pulsação em meu corpo,
cada sorriso em meu rosto
agradeço e devo a ti.


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Quero

Quero que me lance em outra esfera
Não! Espera!
Quero alcançar um outro mundo
por um segundo
Quero o poder de derrubar muros,
dar murros
Quero sentidos que desfaleçam
e cresçam
Contumazes,
vorazes,
capazes.

Quero a capacidade de ir além,
de ser alguém
Quero correr riscos sem me ferir,
morrer de rir
Quero ter prazeres indizíveis,
invisíveis.
Quero ter a sorte de ir à lua,
e correr na rua,
e nadar nua,
e ser sua.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Cópia infiel

Das obras que me lêem fui criada,
nos ocultos da vida me perdi,
cópia infiel das loucuras que vivi,
traduz os desvios de minha estrada.

Cada linha que componho inebriada
faz parte de histórias que ouvi
Nada há de original, só malcriada.
Impressões de dores que senti.

Trovas, rimas, estrofes, versos
sobrepõe sentimentos imersos
revelam os ora dispersos.

Barroca, Árcade, Romântica, Moderna
Escrevo sentada em uma taberna
sempre desejando tornar-me eterna.

Sonhos

Sou movida a sonhos
e a realidade me atropela.
O impulso que me falta,
a fala que me cala,
a ausência que me dói.
O bem e o mal que moram em minha caverna.
Abstrações mal resolvidas limitam o tempo.
O tempo...
Moeda que troco com a vida.
Descanso que tenho da lida.
Momento da minha partida.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Asas

Não busco em seus braços
segurança de um porto
posto que é morno demais pra mim.
Antes quero transformá-los em asas
com envergaduras que me caibam
Que caibam meus sonhos...
E que o vento nos ache pelo caminho
E voemos,
oremos,
pelas causas que cremos.
Sem anilhas nem identidade,
sem presilhas ou santidade.
Não busco em seus braços
o impuro de um morto
posto que é frio demais pra mim.
Antes os quero como asas,
antes os tenha como brasas,
antes os habite como minha casa.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Trovador

Sonhei com ruas estreitas
ladeiras que iam e vinham
estrelas de luzes perfeitas
como velas que luziam.

Quando te ouvi em sua trova
e dentro de mim acendeu
seu fogo que me converteu
em fêmea que sempre renova.

Trovador, que boca mais linda!
Trovador, que olhar tão meu!
Trovador, me leva contigo!
Trovador, pra mim um Romeu...



quarta-feira, 25 de março de 2015

Soneto do pensador

Pingo aos poucos enquanto penso
Penso aos poucos enquanto passo
Passo aos poucos enquanto ando
Tenho andado pela metade.

Bongo toca e estou tenso
Tenso fico e me amasso
Amasso um pouco então penso
Tenho vivido pela metade

Pobre vida presa em mente
sem sentido vaga solta
com um olhar entorpecente

Com um monstro por escolta
pobre vida descontente
meio passo, vai e volta.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Perdida

Como é difícil arrancar-te do meu peito
sem que tuas raízes me firam a alma.
Bebias direto do meu coração
um sangue embriagado de alegria.
Então tudo mudou...
o céu paralisou
e as estrelas já não deslizam mais.
Meu mundo perdeu o compasso
eu perdi teu abraço
não sei mais o que faço
Além de, perdida, esperar por ti...


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sobre mim

Sobrevoo meu corpo procurando pistas
do momento exato que o perdi.
Mergulho em mim mas não tenho fôlego
para alcançar minhas verdades.
Talvez por isso procure sons altos
que impeçam de ouvir meu silêncio.
Ecoam fantasmas perdidos do passado...
Espectros que não assustam por serem conhecidos...
Há rachaduras em minhas altas muralhas
que fazem com que reconheça alguém que já fui.
Secas lagoas tão rasas...
Não há profundidade em mim.